Solenidade de Cristo Rei do Universo

Caríssimos irmãos
 
Neste domingo a Igreja celebra com alegria a solenidade de Cristo Rei do universo. Cristo é o Rei dos reis, seu reino é fundado na verdade e brota do coração de Deus. Nele todos que são batizados tornam-se "herdeiros do Reino". Para os judeus o rei era um homem escolhido por Deus para está à frente do seu povo, por este motivo este era chamado de "ungido do Senhor". Os reis eram ungidos com óleo e essa unção indicava a unção do espírito, isto é, a eleição e consagração. Em hebraico o ungido era chamado de Messias, que em grego se diz Cristo (Χριστός).
 
Jesus é o Messias, o ungido do Senhor que vem reinar sobre todos os povos da terra. Mas o seu reino não é um reino político como pensava os judeus de sua época. O Reino de Jesus é o Reino da Verdade, "Meu reino não é deste mundo, se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui" (Jo. 18, 35)
ou "Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz" (Jo. 18, 37). Com estas palavras Jesus explica a Pilatos que seu reino não é um reino terreno, limitado a tempo e espaço. O Reino de Jesus é o reino da Verdade, isto é, um reino que mostra a verdadeira face de Deus. A verdade em São João significa revelação, a revelação sobrenatural de Deus em Jesus Cristo, Deus em Jesus Cristo revela o seu rosto. Quem procura o verdadeiro Deus, encontra a Jesus e escuta sua voz.
Jesus dar ao messianismo outro valor, o Messias não só é um escolhido, um rei político. Jesus vem revelar que o Messias é o próprio Deus! Que vem reinar no meio do seu povo. Seu reinado consiste no amor, tem como trono o madeiro da Cruz (ao invés de uma cátedra de ouro) e como coroa um emaranhado de espinhos. Desta forma, Deus no seu Filho demonstra o seu amor por nós. Com sua paixão e morte, Cristo Jesus mostrou que seu reino é bem maior que todos os reinos da terra, pois é eterno e mais forte que a própria morte. Os reis e os reinos da terra passam, mas o Reino de Deus permanece para sempre.
Na primeira leitura o profeta Ezequiel compara Deus ao Pastor que cuida do seu rebanho. Que não deixa que nada de mal aconteça a suas ovelhas, "Sou eu que apascentarei minhas ovelhas, sou eu que as farei repousar. A ovelha perdida eu a procurarei; a desgarrada, eu a reconduzirei; a ferida, eu a curarei; a doente, eu a restabelecerei, e velarei sobre a que estiver gorda e vigorosa" (Ez. 34, 15-16). O Senhor é o pastor que conduz suas ovelhas com justiça e retidão, observa com carinho seu rebanho e jugará ao fim separando os bodes dos carneiros, "Quanto a vós, minhas ovelhas, eis o que diz o Senhor Javé: vou julgar entre ovelha e ovelha, vou julgar os carneiros e os bodes" (Ez 34, 17). O Senhor sabe que em seu rebanho tem ovelhas que se comportam como cabras "vou julgar entre ovelha e ovelha" e outras que não são ovelhas ou carneiros, vou julgar os carneiros e os bodes. Para sermos considerados ovelhas do rebanho do Senhor não basta apenas dizer que somos cristãos ou batizados. É preciso se comportar como verdadeiras ovelhas, fazendo a vontade de Deus e seguindo seus ensinamentos.
O rei Davi no salmo que meditamos hoje coloca Deus como aquele que tudo providencia, "Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome" (Sl. 22). Confiando na imensa misericórdia de Deus o rei diz, "E habitarei na casa do Senhor por longos dias". Davi, assim como nós, era um pecador! Mas sua confiança em Deus, precedida por seu sincero arrependimento, era maior que suas faltas. Muitas vezes diante de nossas quedas desistimos de lutar e nos entregamos a vida de pecado. O rei Davi é um exemplo de superação para nós, quando caía em pecado, buscava humildemente o perdão do seu Senhor e recomeçava sua caminhada. O nosso pecado, nossas faltas não podem ser maiores que a misericórdia e o amor de Deus. Deus sabe que somos fracos e vulneráveis ao pecado, mas mesmo assim nos ama! Acolhe-nos como seus filhos, nos concede a graça e a força de vencer o pecado, restaura as forças de minha alma. O caminho mais seguro para continuar sempre fiel ao projeto de Deus em nossas vidas é permanecer sempre perto Dele, por meio da oração e dos sacramentos. É junto ao pastor que a ovelha encontra um posto seguro e pode assim caminhar tranquila sem medo algum, "pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome".
Na segunda leitura, Paulo apresenta Jesus Cristo como o "novo Adão", "Assim como em Adão todos morrem, assim em Cristo todos reviverão" (1Cor. 15, 22). O que diferencia Cristo de Adão é que, por meio da má escolha de Adão (de comer o fruto proibido por Deus, desobediência) o pecado entra no mundo; por meio de Cristo, que agiu sempre segundo a vontade do Pai, entra a salvação no mundo. Por fim, São Paulo fala a comunidade de Coríntios da Parusia, isto é, a vinda do Filho de Deus, o julgamento final, "Depois, virá o fim, quando entregar o Reino a Deus, ao Pai, depois de haver destruído todo principado, toda potestade e toda dominação... O último inimigo a derrotar será a morte, porque Deus sujeitou tudo debaixo dos seus pés" (1Cor. 15, 24.26). Com essas palavras Paulo acena aquilo que São Mateus nos falará hoje no Evangelho.
Falávamos no inicio desta reflexão que Jesus é o Messias, o ungido do Senhor, o Rei dos reis. No Evangelho deste domingo, Jesus nos fala do Julgamento final "Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos" (Mt. 25, 31-32). Percebemos a intrínseca relação que tem este texto com o texto do profeta Ezequiel que acabamos de refletir. Da mesma forma que o profeta apresenta Deus como o pastor e justo juiz, Jesus coloca o Filho de Deus como o Juiz justo que no juízo final separará as ovelhas dos cabritos.
Jesus Cristo faz uma comparação do julgamento final com a separação das ovelhas (aqueles que possuirão o Reino dos Céus) e os cabritos (os que passarão a eternidade distante de Deus, no inferno). As obras de misericórdia (Cf. CIC. 2447), são a medida pela qual o homem será julgado, porque ao fazermos o bem aos nossos irmãos mais necessitados é ao próprio Cristo que fazemos, "todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes" (Mt. 25, 40). No julgamento Jesus coloca as ovelhas do lado direito e os cabritos no esquerdo. Os que permaneceram unidos ao Senhor e fizeram o bem ao próximo são comparados as ovelhas, a estes o Senhor acolhe e lhe concede o Reino, "Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber..." (Mt. 25, 34-36). Já aqueles que se distanciaram do Senhor e não praticaram as obras de misericórdia, são comparados aos cabritos, estes permanecerão separados de Deus, ou seja, irão para o inferno "Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber..." (Mt. 25, 41-43).
Ao meditarmos este texto percebemos que o Senhor apenas confirma a sentença, age conforme a justiça divina. É o próprio homem por meio dos seus atos, decisões e omissões que se condena a permanecer eternamente afastado de Deus. O inferno nada mais é do que passar a eternidade distante de Deus, sem poder contemplá-lo, "E estes irão para o castigo eterno" (Mt. 25, 46). No julgamento final o Senhor pronunciará a justa sentença, isto é, de acordo com os nossos atos. Deus não amaldiçoa o homem, é ele que por si só ao escolher ficar longe do seu Criador torna-se maldito.
Retornemos ao salmo 22, que nos fala da confiança no Bom Pastor. Há esperança! Ainda estamos a tempo de voltar os nossos corações para o Senhor, de humildemente, a exemplo do rei Davi, arrepender-nos de nossas faltas, nossos pecados e entregarmo-nos nas mãos do Senhor. É ele o Pastor que nos conduz "pelos caminhos retos, por amor do seu nome". Não estamos sozinhos o bom Deus, como chamava o Santo cura d’Ars, está conosco nos protegendo de todo o mal, "A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida". Nesta confiança entreguemo-nos nossas vidas a Cristo Bom Pastor, somos suas ovelhas e junto a Ele caminharemos seguros. Que Maria Santíssima nos ajude a cumpri nossos propósitos. Maria Consoladora dos aflitos, rogai por nós. Amém.

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Seminarista Acival Vidal de Oliveira
Diocese da Estância – SE/Brasil

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